A etimologia da palavra "folclore" tem sua origem no inglês. A palavra folk-lore (Folk: povo; lore: conhecimento), traduzida assim como conhecimento de um povo - foi criada pelo arqueólogo inglês William John Thoms, em agosto de 1846, e publicada pela primeira vez em seu artigo no jornal londrino The Athenaeum. Durante esse período ocorria a Guerra do México (1845-48), onde a ex-colônia espanhola perdia em definitivo suas terras para os Estados Unidos, levando à anexação de terras indígenas. (Em três anos cerca de metade do México incorporava-se aos Estados Unidos).
Com o neologismo, Thoms pretendia englobar diversos estudos antropológicos que até então eram divididos em Antiguidades Populares, Tradições Populares e Literatura Popular. A popularidade, a oralidade, a antiguidade e o anonimato eram as principais características dessas pesquisas.
Segundo dados do Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1846 era publicado o artigo de José de Anchieta no qual este trazia informações sobre os casamentos entre índios brasileiros, tecendo análises das relações interpessoais dos povos indígenas sob a ótica católica - comportamentos e costumes entre os casais e a relação destes com os filhos.
(Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de 1846 - Fonte: Internet)
A definição de "folclore" foi sendo modificada ao longo da história, de acordo com as discussões teóricas e vieses de várias linhas de pensamento. No Brasil, no início do século XX, os estudos de folclore estavam relacionados basicamente com a literatura oral, sobretudo a poesia popular, guiadas por correntes filosóficas e científicas vigentes na Europa.
Os estudos brasileiros sobre o folclore atingiram um nível científico apenas em 1913, "quando o lingüista e historiador João Ribeiro realizou o Curso de Folclorena Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O folclore passou a representar, inclusive, uma área de suma relevância da antropologia cultural e, o dia 22 de agosto, mediante um decreto de 1965, foi instituído como o Dia do Folclore." (1)
O folclore é o registro da alma coletiva de um povo, que reúne suas manifestações culturais, seus hábitos e pensamentos; documenta todos os aspectos psíquicos, históricos e antropológicos. "A ideia de povo como depositário da alma de nação remonta a uma tendência do romantismo, em que intelectuais abraçaram a coleta como imperativo para proteger o que consideravam estar em risco de desaparecimento em decorrência do avanço da modernização e do progresso. (...) Para os descobridores, a categoria englobava uma entidade coletiva mais próxima das forças da natureza que supostamente mativera intactos seus costumes, contos, fábulas, canções, modos de vida, num processo que se desenvolvera fora das instituições formais de ensino." (2)
Segundo a UNESCO, para um fato ser considerado folclore, este deve apresentar: "tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade e aceitação coletiva.
- Tradicionalidade, a partir de sua transmissão geracional, entendida como uma continuidade, onde os fatos novos se inserem sem ruptura com o passado, e se constroem sobre esse passado;
- Dinamicidade, ou seja, sua feição mutável, ainda que baseada na tradição;
- Funcionalidade, existindo uma razão para o fato acontecer e não constituindo um dado isolado, e sim inserido em um contexto dinâmico e vivo;
- Aceitação coletiva: deve ser uma prática generalizada, implicando uma identificação coletiva com o fato, mesmo que ele derive das elites. Esse critério não leva em conta o anonimato que muitas vezes caracteriza o fato folclórico e tem sido considerado um indicador de autenticidade, pois mesmo se houver autor, desde que o fato seja absorvido pela cultura popular, ainda deve ser considerado folclórico. Um exemplo disso é a literatura de cordel brasileira, geralmente com autoria definida, mas tida como elemento genuíno da cultura popular." (3)
- Tradicionalidade, a partir de sua transmissão geracional, entendida como uma continuidade, onde os fatos novos se inserem sem ruptura com o passado, e se constroem sobre esse passado;
- Dinamicidade, ou seja, sua feição mutável, ainda que baseada na tradição;
- Funcionalidade, existindo uma razão para o fato acontecer e não constituindo um dado isolado, e sim inserido em um contexto dinâmico e vivo;
- Aceitação coletiva: deve ser uma prática generalizada, implicando uma identificação coletiva com o fato, mesmo que ele derive das elites. Esse critério não leva em conta o anonimato que muitas vezes caracteriza o fato folclórico e tem sido considerado um indicador de autenticidade, pois mesmo se houver autor, desde que o fato seja absorvido pela cultura popular, ainda deve ser considerado folclórico. Um exemplo disso é a literatura de cordel brasileira, geralmente com autoria definida, mas tida como elemento genuíno da cultura popular." (3)
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Fontes:
(1) "Folclore do Nordeste Brasileiro" (Fundaj.gov.br)
(2) Brasis Revelados - 50 anos do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular - Texto e pesquisa de Guacira Waldeck, Rio de Janeiro, 2008.
(3) "Folclore" (Wikipedia)
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