Série (En)cantando o Brasil (Florentina de Jesus - Tiririca)


"Florentina, Florentina / Florentina de Jesus / Não sei se tu me amas / Pra que tu me seduz...". Os conhecidos versos de "Florentina", de Tiririca, talvez tenham alguma referência histórica, que remonta ao período da Idade Média. É provável que a reputação das mulheres florentinas tenha se mantido viva no inconsciente nordestino através da Literatura de Cordel, trazido para o Brasil durante o período da colonização, tornando-se tema da jocosa música do humorista cearense.

(Clique abaixo para ouvir a música "Florentina", do humorista cearense Tiririca).





Durante o Medievo, a Itália e seus tecidos se destacavam dos demais países da Europa. O comércio com o Oriente trazia todo tipo de novidades, texturas e cores para os países europeus. "Ligada por estrada à França, onde tinha importantes mercados, Florença não dispunha de porto de mar e sua prosperidade de deveu mais às suas indústrias que ao comércio. Os seus mercadores e fabricantes de tecidos, bem como outros membros de corporações, tomaram o controle do governo a partir de 1282 e preservaram a sua constituição 'republicana' mesmo depois de o verdadeiro poder ter passado para as mãos de uma oligarquia, e posteriormente, para as da família Médici (1434)." (1)


(Trajes usados pela sociedade italiana durante o século XI - clique para ampliar.
Fonte: "The Costumes of All Nations", de Albert Kretschmer e
Carl Rohrbach. Sotheran, 1882 - Fonte: Period Paper)


Com a invenção do tear horizontal e da roca de fiar em 1290, houve um aumento da qualidade dos tecidos que eram confeccionados aumentando a produção cerca de dez vezes. Uma das mais interessantes referências visuais que registra o progresso técnico da Idade Média é o Codex Manesse, um manuscrito escrito e pintado entre 1305 e 1340 em Zurique por Johannes Hadlaub. Reunindo inúmeras canções de amor medievais, o Codex Manesse foi dedicado ao rei Venceslau II. (Clique aqui e leia mais sobre o Codex Manesse).


(Codex Manesse, manuscrito alemão da Idade Média - clique para ampliar - 


Desde o início do século XIV havia uma grande preocupação em dar forma à porção central do corpo. (Neste período, homens e mulheres usavam faixas apertadas em volta do corpo como forma de delineá-lo). As roupas medievais eram compostas por várias peças sobrepostas e de diferentes materiais, de acordo com a finalidade que possuíam. Como roupa interior, as mulheres usavam faixas de linho, não tingidas, sobre os seios. (Uma peça comum do período medieval é o espartilho, também conhecido como corset. Representada tipicamente como parte do traje da taberneira medieval, o seu uso foi relatado já no século XII, como roupa interior feminina. O seu uso externo está associado à cortesã do século XV e, a partir do século XVI, pelas senhoras da nobreza). R. W. Lewis em "Dante - Breve Biografia" (Objetiva, 2002), cita o cardeal Latino Malabranca, o erudito e talentoso sobrinho do papa Nicolau III, autor do hino Dies Iræ ("Dia da Ira") como um "severo moralista que criticou as mulheres florentinas por suas roupas extravagantes." 


(Tapeçaria de Bayeux - clique para ampliar. Confeccionada em bordado no século XII, a obra foi feita na Inglaterra para celebrar os eventos da Batalha de Hastings. Conta-se que o tapete tenha sido bordado pela Rainha Matilde de Flandres e suas aias)


Durante a primeira metade do século IX (mais precisamente dentre o ano 1000 a 1300 d.C.), os bordados europeus eram de grande relevância na ornamentação das vestimentas. (A importância do bordado como uma técnica decorativa foi assegurada pela raridade e alto custo das sedas). A grande maioria das vestimentas européias eram confeccionadas em lã e linho e tornaram-se símbolos de grande poder sendo ornamentadas com pedrarias, peles e botões. A é de origem mesopotâmica. A região foi pioneira na domesticação de carneiros e ovelhas, essenciais para as tramas das lãs. Já o linho é um dos tecidos considerados mais nobres na história da moda, sendo difundido pela Europa pelos comerciantes fenícios, que o levaram para a Irlanda, a Inglaterra e Bretanha. Entretanto foram os romanos que iniciaram o cultivo no norte europeu.


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Fonte:
(1) MATTHEW, Donald. As grandes civilizações do passado - Europa Medieval. Folio, Barcelona, 2006.

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